O cinza que preenche os blocos de concreto da UERJ talvez nunca combinou tanto com a situação política, administrativa e financeira que a nossa universidade vive. É melancólico caminhar pelos corredores vazios, vendo a poeira acumulando nas cadeiras, as salas solitárias, o abandono, o lixo acumulado. É melancólico porque a faculdade era para estar cheia de vida, intensa, com salas lotadas, com debates acadêmicos, com produção intelectual, com a integração entre a comunidade, com projetos sociais, formando assim um colorido contraste com o cinza do concreto.
A UERJ padece porque ela é vítima da prática de pilhagem que caracterizou as últimas administrações do PMDB no Rio de Janeiro. Se hoje, essa universidade tão importante para o cenário fluminense e até nacionalmente, afinal está entre as melhores do país e foi a pioneira na inclusão popular étnico-racial por meio de cotas, está sendo ameaçada e silenciada é por culpa de todo um processo de degradação educacional feito pelo PMDB. Um Rio de Janeiro sem a UERJ é um Rio ainda mais pobre, ainda mais segregado, ainda mais decadente, pois o estado sem essa universidade pública vai impedir que milhares de jovens filhos da classe trabalhadora, estudantes da periferia, acessem um ensino superior de qualidade, público e gratuito. O Rio sem a UERJ jogará um grande balde de água fria nesses milhares de jovens que enxergam no estudo uma forma de conseguir subir um degrau social, de ajudar a família, de ser talvez o primeiro familiar com ensino superior completo, enfim, de ter uma vida um pouco mais digna.
Por isso é importante a consciência de que a luta pela UERJ não se restringe apenas a universidade em si, mas de toda uma visão do impacto da falta de uma educação pública, gratuita e de qualidade na população. Pois o desamparo e o abandono dos mais desfavorecidos, que tem sido feito pelos governos Temer e Pezão, pode tornar o acesso ao ensino superior novamente um total privilégio dos filhos das elites dominantes. E as histórias de estudantes secundaristas que conseguiram entrar em uma universidade, oriundos do ensino público, se tornarão notícias cada vez mais raras. Um país sem educação é um país pobre na economia, no desenvolvimento tecnológico e na produção de conhecimento; é, assim, um país mais dependente de outros países que desejam somente explorar sua mão de obra barata e verdadeiramente roubar suas riquezas naturais.
A luta pela UERJ é a luta pelo acesso popular a um ensino superior público e gratuito, é a luta por um projeto de educação não apenas estadual, mas nacional que não exclua os mais necessitados; é a luta, principalmente, pela soberania da pátria brasileira e pelo direito de estudar do povo do Rio de Janeiro.
É importante ressaltar que a defesa da UERJ precisa de uma enorme unidade. Pois todos estão sendo prejudicados, desde os/as terceirizados/as, os/as professores/as, os/as estudantes, e o povo do Rio de Janeiro em geral. Por isso defendemos a elaboração de uma pauta única pela salvação da UERJ. Não se pode seguir no divisionismo entre docentes, servidores/as, terceirizados/as e estudantes. A pauta única é a saída para renascer a UERJ.
Quem tenta nos dividir é o Governo Pezão! Não vamos entrar no mesmo jogo deles! Somos todos e todas explorados e exploradas, prejudicados e prejudicadas pela destruição da UERJ. É preciso construir a unificação das pautas e pressionar até a vitória sobre o Governo Pezão!
O Rio precisa da volta da UERJ! Nós lutamos pela volta da UERJ! Mas pra voltar tem que pagar…
A Ação Libertadora Estudantil, movimento que luta pela educação necessária ao Brasil e seu povo, rumo à educação popular, está na defesa da UERJ pública, gratuita e de qualidade! E afirma: é hora de cortar esse Pezão!