O golpe se aprofunda: a retirada de direitos, o ataque à soberania nacional e o aniquilamento do poder de mobilização das organizações populares são alguns dos elementos que vêm ganhando destaque nos últimos dias, seguindo passo-a-passo a “ponte para o futuro” (ou, quem sabe, ao “passado”) proposta por Temer, um programa que nada mais representa além de retrocessos contínuos e irrestritos ao povo brasileiro. Os interesses anti-nacionais e anti-povo do golpe em curso são cada vez mais explícitos, com a entrega do pré-sal, com os indícios de retomada de uma política externa submissa e alinhada ao imperialismo norte-americano, com a total hegemonia dos banqueiros sobre os cofres do país, e com o congelamento de gastos públicos em nome da falácia da “responsabilidade fiscal” (PEC 241).
Seguindo a lógica destrutiva e entreguista já explicitada, surge na ordem do dia o debate acerca da Medida Provisória da Reforma do Ensino Médio, há alguns dias sendo propagandeada pelos grandes veículos midiáticos como um “grande avanço” diante dos inúmeros problemas existentes no Ensino Básico brasileiro. A recente divulgação dos resultados por escola do ENEM 2015 com a proposital ausência de 96% dos Institutos Federais (os famosos “IFs”) corroborou com a estratégia do governo golpista e com o cerco midiático em defesa da tal Medida Provisória, que se valendo dos desastrosos resultados das escolas públicas no ENEM (com grande prejuízo na classificação comparativa diante da retirada dos IFs), usou isso para justificar a reforma golpista no currículo escolar, bem como os cortes neoliberais na educação pública diante do congelamento dos gastos sociais.
O tecnicismo da reforma golpista do ensino médio encontra inúmeras contradições, partindo desde a promessa de turno integral paralelamente ao congelamento de gastos até chegar à patética proposta de o aluno escolher as disciplinas que mais o agradam, veementemente “jogando para a torcida” diante da incapacidade de implementar medidas que elevem o nível do ensino nas escolas. A retirada de disciplinas como educação física, artes, e de antigas vítimas da ditadura militar, como a sociologia e a filosofia, demonstram o total descompromisso do governo para com os profissionais destas áreas, bem como para com a importância dessas disciplinas no currículo do Ensino Básico. Trata-se aqui de um combate a formação crítica dos e das estudantes. Afinal, melhor para a manutenção da ordem golpista que ninguém estude sociologia e filosofia, e que sejam priorizadas as disciplinas que formem uma mão de obra barata e plenamente submissa.
Além disso, o suposto “fatiamento” do currículo, com liberdade de escolha para o estudante, esconde o desaparecimento da formação básica comum, tendendo a aprofundar a já imensa desigualdade de oportunidades geradas pelo sistema educacional capitalista entre a rede pública e a rede privada. Para completar, a permissão para que pessoas de “notório saber” lecionem no Ensino Básico agrava a precarização da atividade docente, abrindo margem para uma ainda maior defasagem do nível do ensino, com a falta de preparação do profissional da educação passando a ser institucionalizada.
Diante da Reforma Golpista do Ensino Médio, a Ação Libertadora Estudantil frisa a sua luta pela educação necessária ao Brasil e seu povo rumo à educação popular, e, assim, se posiciona firmemente contra a aprovação dessa Medida Provisória, que infelizmente faz lembrar, e muito, os obscuros acordos MEC-USAID dos tempos da ditadura militar. O golpe de 2016, assim como o de 1964, passa pelo ataque à educação.E por isso, os e as estudantes de todo o Brasil devem estar unidos e fortemente mobilizados para lutar, resistir e vencer o golpismo! Contra a Reforma Golpista do Ensino Médio: Fora Temer!