A Ação Libertadora Estudantil (ALE) foi fundada em dezembro de 2014. No ano seguinte, em 2015, o movimento já acumulava existência em algumas universidades brasileiras. Dentre elas, ainda que com pouca militância, a Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos). Não por acaso a ALE levou delegados da Unisinos ao último Congresso da UNE, realizado em 2015.
Ainda no ano passado (2015), a ALE, assim como todos os movimentos estudantis, bem como os próprios estudantes da Unisinos, foram excluídos do processo eleitoral do DCE. O golpe de esconder a data da inscrição de chapa, de não divulgar absolutamente nada, e de, por fim, impugnar uma chapa de oposição, não foi esquecido.
Este ano, a Ação Libertadora Estudantil tomou a decisão de priorizar mais a Unisinos e de cumprir papel de oposição, papel que nos foi colocado pela situação desde 2014. No entanto, em virtude das inúmeras agendas ao longo do ano, a priorização não foi a que de fato a universidade precisava e merecia.
De qualquer forma, a Ação Libertadora Estudantil chegou com uma chapa nas eleições do DCE Unisinos deste ano. Inicialmente a tática orientada era para que tivesse uma unidade entre as forças de oposição. Entretanto, o Juntos (PSOL-MES) preferiu aliança com outras forças mais próximas do campo da “oposição de esquerda” da UNE (PCB/PSOL-RUA-Insurgência). Assim, a ALE tinha outras duas táticas: sair sozinha e construir movimento, por meio de uma chapa mais caracterizada com nosso perfil militante, e logo ficar distante de uma boa votação; ou exercer o máximo de amplitude com uma chapa de estética independente, mas com programa nosso, o que impulsionaria a campanha e daria chance de vitória.
Antes cabe recordar sobre o que tem sido o DCE Unisinos. Desde 2014, uma aliança entre o PT (Partido dos Trabalhadores) e forças satélites (Consulta Popular-Levante Popular da Juventude) conquistou a entidade numa eleição tumultuada contra a UJS (União da Juventude Socialista – PCdoB). Na época, a Ação Libertadora Estudantil apoiou e votou na chapa petista. E foi colocado que a gestão seria compartilhada conosco. Além de não cumprirem o acordo, os petistas e seus satélites resolveram golpear a tentativa de oposição em 2015.
Diante desse cenário, e sabendo que a gestão petista é totalmente aparelhista, a ponto do DCE nem ser conhecido pelo conjunto dos e das estudantes da Unisinos, e reconhecendo que a onda conservadora anti-política infelizmente contaminou a juventude universitária, principalmente nas universidades privadas, a ALE tomou a decisão de impulsionar uma chapa independente para a disputa do DCE Unisinos. Na lógica da Frente Ampla, a mesma que nos norteia como resposta à complexa conjuntura nacional, a ALE surfou na onda anti-política, em vez de capitular nela.
Assim, a chapa 2 “Novo DCE” foi formada, e com muita força disputou a entidade no último e recente processo eleitoral.
O resultado final foi um alento. Mesmo perdendo, nossa chapa totalizou 533 votos, e com uma estrutura de campanha bem inferior as das outras duas chapas, que conseguiram mobilizar o dobro e o triplo do nosso número de militantes nos dois dias de votação. A diferença de 182 votos para chapa petista reeleita, e de 108 votos para a chapa do PSOL/PCB, é muito pequena diante dos problemas estruturais de nossa campanha. E só mostra o tamanho do potencial do movimento que estamos criando na Unisinos.
Seguiremos a potencializar as vozes independentes de quem deseja um DCE de estudante pra estudante. Obviamente, desde que seguindo o programa da universidade necessária rumo à universidade popular, ou seja, o programa da Ação Libertadora Estudantil.
Importante pontuar que não passou batido a estranha empresa que realizou as eleições, contratando mesários. Recebemos diversas denúncias de estudantes que quando foram votar eram assediados pelos tais mesários a votarem na chapa da situação. A ALE não permitirá mais a participação dessa empresa na disputa do DCE Unisinos custe o que custar.
Da mesma forma, é importante deixar claro que a UEE-RS (União Estadual dos Estudantes) do Rio Grande do Sul, como terceira interessada, mobilizou alguns militantes para os dias de votação. O intuito da direção da entidade em apoiar nossa chapa era claro: tirar o DCE das mãos da UEE-Livre RS, um movimento-entidade do PT/PCdoB que disputa com aquela o monopólio das carteiras estudantis no Rio Grande do Sul, bem como o direito de representar as e os estudantes gaúchos. Indiferente a essa disputa, a Ação Libertadora Estudantil aceitou o apoio. E de fato, se eleita, nossa chapa retiraria a UEE-Livre da Unisinos, pois não mais reconhecemos esse movimento-entidade como representação estudantil gaúcha.
Se o programa é nosso, se a direção política é nossa, se temos firmeza e certeza do caminho traçado, não há qualquer problema em visar amplitude nas alianças e de ter flexibilidade tática nas ações. Purismo, puritanismo, sectarismo, divisionismo, não cumprimento de acordo, etc., são coisas que não combinam com a Ação Libertadora Estudantil.
No final de tudo, podemos afirmar que sem dúvidas: nasceu o Movimento por um Novo DCE da Unisinos!