A Ação Libertadora Estudantil (ALE) nasce enquanto movimento de organização das lutas cotidianas dos e das estudantes nas diversas escolas e universidades brasileiras, promovendo suas ações em torno da estratégia da construção da Escola e da Universidade necessárias ao Brasil e seu povo, rumando a uma educação verdadeiramente popular, e logo depois de alguns anos se torna entidade nacional de representação estudantil para todos os níveis de ensino. A ALE é a entidade-movimento ou o movimento-entidade que luta pela educação que o Brasil precisa! Lutamos para construir uma educação pública, gratuita, e de qualidade para todos e todas! Porém, tendo plena consciência do longo caminho a ser trilhado, não ignoramos a relevância de avanços imediatos, nem mesmo a disputa sobre a atualidade das instituições privadas de ensino.
Temos consciência de que o sistema educacional brasileiro, ao longo de seu desenvolvimento, foi definido pela exclusão das camadas populares do acesso ao saber, algo que se tornou um privilégio das minorias das elites dominantes. As universidades e escolas, tidas como ferramentas para manter a ordem de dominação de classe e reproduzir valores capitalistas, oligárquicos, patriarcais e racistas, servem de aparelho ideológico do Estado burguês. Além de sua característica burguesa, o sistema educacional, e o direito fundamental à educação, são vistos como um balcão de negócios para as grandes empresas privadas de ensino, não só favorecidas pelos repasses de verbas públicas pelos governos, mas pelo contínuo sucateamento das instituições de ensino públicas, que sofrem com pressões de parcerias público-privadas e com a mercantilização da produção de conhecimento. O sistema educacional não é apenas atacado em seu sentido físico, mas também em seu conteúdo, visto que a lógica individualista e competitiva é vigente na sociedade burguesa, sem qualquer igualdade de condições e oportunidades entre os filhos da burguesia e os filhos da classe trabalhadora.
Reconhecemos os avanços dos recentes governos progressistas na educação, em especial na ampliação do acesso ao ensino superior. Entretanto, não fechamos os olhos para o conteúdo por detrás de muitos desses programas. O PROUNI, negociando as bolsas de estudo em troca de isenção fiscal, tem garantido o repasse de bilhões de reais do Governo Federal aos empresários da máfia do ensino privado. O FIES, por exemplo, é a mesma coisa.
Todavia, embora lutemos por uma educação totalmente pública, sabemos reconhecer a atual impossibilidade estrutural dessa luta estratégica, e assim, sabemos também reconhecer a importância dos avanços educacionais na vida das pessoas e na política acumulativa de forças à ruptura do sistema vigente na educação brasileira.
Além disso, hoje, diante do golpe de 2016, e do consequente processo golpista de retrocessos na educação, mais do que nunca defenderemos os avanços conquistados no último período. Portanto, defendemos a continuidade do PROUNI, do FIES, e de todos os programas de democratização do acesso ao ensino.
Da mesma forma, lutamos contra o congelamento dos investimentos nas diversas áreas sociais, incluindo a educação, pois isso é atrasar o Brasil por décadas! Lutamos contra o golpe de 2016, arquitetado pelo imperialismo norte-americano, então sedento pelo nosso pré-sal, e executado por uma corja de parlamentares corruptos e por um judiciário totalmente vinculado aos interesses das elites dominantes locais e estrangeiras! Lutamos contra qualquer retrocesso na educação!
Por fim, a Ação Libertadora Estudantil, que se tornou uma entidade nacional representativa dos estudantes brasileiros e brasileiras, de todos os níveis de ensino, entende serem fundamentais a construção e a disputa do movimento estudantil organizado por meio de outras entidades estudantis, principalmente as de base (grêmios estudantis, DA's (diretórios acadêmicos das faculdades) e DCE's (diretórios centrais dos estudantes nas universidades)), e eventualmente de outras municipais (UMES (união municipal dos estudantes secundaristas), de outras estaduais, e raramente de outras nacionais. Contudo, sem artificializar a disputa, sem cair no disputismo sectário ou no puritanismo, nem mesmo burocratizando demais as entidades e engessando suas lutas, o que não é a linha da ALE, então verdadeiramente uma entidade-movimento. Não compartilhamos também da queda no identitarismo disperso pós-moderno e anticlassista. Essas são as tarefas mais urgentes de um movimento de massas, que se tornou entidade para defender institucionalmente também os direitos e os interesses dos estudantes do Brasil, e que possui uma enorme flexibilidade tática e uma imensa certeza na estratégia combativa pela educação que o Brasil precisa.
Definitivamente, a educação que o Brasil e seu povo precisam é a educação que queremos! A escola e a universidade precisam da nossa luta! Devemos organizar o máximo de estudantes! Afinal, somos herdeiros e herdeiras dos e das estudantes que deram suas vidas para derrubar a ditadura militar e para construir um novo Brasil, no justo projeto de libertação nacional! Seguiremos na luta até a vitória... E venceremos!